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| | Entrevista: Claúdio Bruehmüller, presidente da Ice Cola |
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O empresário catarinense Cláudio Bruehmüller, presidente da Ice Cola e da Amazon Flavors, fabricante de ingredientes para a indústria de bebidas com sedes na Flórida (Estados Unidos) e em Manaus (AM), aprecia o enfrentamento de grandes desafios no mercado de bebidas. Em 2008, quando a fórmula da Ice Cola foi lançada, não imaginava que o produto chegaria a incomodar, em tão pouco tempo, as líderes multinacionais do segmento, Coca-Cola e Pepsi.
A Ice Cola é produzida em várias regiões brasileiras por fabricantes como a Dore, de João Pessoa (PB), que completa um século neste ano, e a Arco-Íris, de São José do Rio Preto (SP). As empresas regionais são franqueadas e também sócias do negócio - juntas, detêm 50% da empresa Ice Cola Par. Os padrões de qualidade e gestão, além das estratégias comerciais da marca, são estabelecidos pela Ice Cola Par, que fornece um kit de lançamento com campanha para TV, outdoor e materiais de ponto de venda.
Em uma entrevista exclusiva concedida à revista “Bebidas e Afins” durante a segunda edição do Congresso Brasileiro de Bebidas (Confrebras), promovida de 8 a 10 de novembro em Brasília (DF), Bruehmüller, que também é proprietário dos Refrigerantes Marajá, de Rondonópolis (MT), falou sobre a importância do Confrebras para o setor de bebidas, a expansão da Ice Cola e também ressaltou o potencial do Brasil para os próximos anos.
BEBIDAS E AFINS – Qual é a posição ocupada pela Ice Cola no mercado de refrigerantes atualmente?
CLÁUDIO BRUEHMÜLLER – O mercado brasileiro de refrigerantes já é o terceiro maior do mundo, com uma produção anual de 16 bilhões de litros. Cerca de 60% desse volume é representado pelos produtos sabor cola, o que é bastante significativo. Dessa forma, não poderíamos ficar de fora. No momento, estamos com 18 franqueados, sendo que o nosso objetivo para o biênio 2012-2013 é chegar a 35 franqueados, cobrindo todo o País. O projeto Ice Cola é desenvolvido com fabricantes brasileiros independentes, historicamente com forte presença no segmento de guaranás, que compartilham o objetivo de reforçar posições comerciais no ramo de colas, enfrentando a concorrência de duas companhias globais (Coca-Cola e Pepsi).
BEBIDAS E AFINS – Como estão os negócios no setor de concentrados e extratos?
BRUEHMÜLLER – No Brasil, é um mercado interessante e promissor. Frutas como guaraná e açaí estão sendo muito consumidas no Brasil e também no exterior. A Amazon Flavors é uma empresa que fabrica diversos tipos de ingredientes para a indústria de bebidas, como extratos naturais, principalmente de guaraná, e também de sabores como noz de cola e açaí. Temos muitos clientes no Brasil e exportamos para outros países. Gostamos de trabalhar com produtos naturais e similares, o que hoje é uma demanda do consumidor.
BEBIDAS E AFINS – Qual é a sua avaliação sobre a importância do Confrebras?
BRUEHMÜLLER – O Fernando (Rodrigues de Bairros, presidente da Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil) e toda a diretoria estão de parabéns por essa iniciativa, que é fantástica. Além de rever amigos fabricantes e clientes de todo o Brasil, o evento também é uma oportunidade para apresentar lançamentos e verificar as expectativas sobre os nossos projetos.
BEBIDAS E AFINS – Em que medida a atuação da Afrebras pode beneficiar as fabricantes no que se refere à carga tributária?
BRUEHMÜLLER – O trabalho da Afrebras é muito importante. Todos os empresários que atuam no Brasil sabem que a carga tributária é excessivamente alta. Em algum momento, isso precisa ser abordado. No setor de bebidas, as fábricas independentes são obrigadas, muitas vezes, a sofrer com uma tributação mais pesada do que aquela aplicada às multinacionais. Essas distorções precisam ser corrigidas.
Se os impostos diminuíssem, tornando-se pelo menos um pouco mais justos, o próprio Governo ganharia com isso. Mesmo com uma queda na arrecadação em um primeiro momento, acabaria havendo uma compensação posteriormente, com o aumento do consumo. Com um maior volume de vendas, a arrecadação aumentaria e a economia do País seria beneficiada.
Só para se ter uma ideia, as maiores economias do mundo têm uma carga tributária menor, como é o caso do EUA, que está abaixo de 30% do PIB (Produto Interno Bruto), muito menor do que a brasileira, que já é acima de 40%. Lá, eles tributam os ganhos e rendimentos, enquanto aqui os impostos incidem sobre o consumo, o que gera um efeito danoso. A diretoria da Afrebras ainda tem muito trabalho pela frente por essa causa, que é justa e precisa ser abordada pelos nossos políticos e autoridades.
BEBIDAS E AFINS – Quais são as expectativas para 2012?
BRUEHMÜLLER – O ramo de bebidas é desafiador, por isso é necessário manter um otimismo. Tenho boas expectativas, apesar da preocupação de muitos com a atual crise mundial, envolvendo Europa e EUA. No entanto, o Brasil está com uma economia mais sólida e tranquila, com saldo comercial positivo. O principal problema é a carga tributária alta. Mas, hoje o País representa uma bela oportunidade de negócios, com a presença de vários investidores estrangeiros. Por isso, temos que acreditar, investir e trabalhar, nos preparando especialmente para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que irão gerar um forte movimento na economia. Precisamos demonstrar o quanto podemos ser pessoas sérias e trabalhadoras.
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